Espectáculo emotivo e irónico idealizado para ser apresentado em espaços alternativos - na procura de novos públicos - "A Próxima..." descreve-nos as audições a que uma realizadora de cinema submete as candidatas a actrizes. Num jogo de perguntas e respostas, o "casting" acaba por se revelar uma viagem introspectiva à identidade das actrizes. •
Está a chegar... Está muito perto. Sei que o melhor é fazer qualquer. Por mim. Para não me deixar ficar abandonada. Preciso ser objectiva encontrar prioridades. Que prioridades ?! 1º Reparem em mim. 2º Gostem de mim. 3º Não me abandonem. 4º Admirem-me, sim?
Escrevo uma outra vez para ninguém, incluindo eu, não se esquecer que não me posso deixar ficar abandonada. Aqui. Sabem, é que está quase na hora e se a vida não me aceitar, fico sem muito para fazer. Se calhar não será tão mau assim, é que me sinto tão desolada...e preguiçosa. Bom, de qualquer maneira prometo que vou dar o meu melhor. Com sorte pode ser que alguém me adopte.
P.S. Tenho 17 anos e como diz uma canção que ouvi na rádio - estou vacinada.
De uma rapariga próxima de vós. Obrigada. - Marta
A vontade enorme de representar, ser actriz e todas as fobias e paranóias que isso acarreta, fez-me transportar para uma realidade chamada palco, personagens sedentas, ansiosas, personagens que de certa maneira andam à procura dos seus "minutos de estrelato" e que persistem abusivamente em cair nas suas crises de identidade, amuos, brincadeiras, birras... Ao mesmo tempo que estas vão exibindo as suas "habilidades" são espicaçadas ou mesmo estimuladas por alguém que diz ser realizadora de cinema, e vai-se lá saber porquê, decidiu fazer um casting. Segue-se um discurso pergunta / resposta, onde o limiar do adulto / adolescente é escorregadio e penoso, almost like life, but this is TEATRO, ou melhor, um exercício teatral. - Célia
Ouço-me melhor quando falo sózinha. Quando li pela primeira vez (já lá vão anos) o romance acerca do qual se baseia o nosso chamado exercício, encantei-me. Isto porque até hoje ao ler um romance, acho que nunca tive a sensação tão forte de sentir, ao ponto de ver, as personagens tomarem vida à minha frente, ao lado e/ou atrás. Gostei, regozijei. Hoje e quem diz hoje diz amanhã, apesar de todas as... que não vêm agora para o caso, é-me alta/ prazenteiro tocar-lhe, ao de leve, nem que seja com um só dedo. Enfim, um objecto em cena. Uma "câmara de filmar". E que mais? As raparigas, "desfilando" em série, respondendo ou questionando à Voz (?). Mas mais do que muito, falando, ou melhor, dizendo (esta se for só para mim, só para mim será!) "sózinhas". O quê? Se elas se ouvem melhor assim? Não sei... - Vitória