A Noite de Ravensbruck é um texto inédito de José Viale Moutinho, a que ele chamou Estudo Dramático. Neste texto aborda-se um assunto praticamente inexistente na literatura dramática portuguesa - o Holocausto e a segunda Guerra Mundial – avivando-nos a memória e recordando-nos que os milhões de seres humanos mortos, vítimas da carnificina nazi e dos seus cúmplices não pertencem apenas a um só povo, a uma só religião, a um só país. Os desaparecidos são património de toda a humanidade.
As três personagens, mulheres, coreutas, fantasmas, anjos, cujos corpos, vozes e acções lembram-nos a ignomínia a que foram sujeitos milhões de seres humanos nos campos de morte que os nazis aperfeiçoaram, questionam a nossa memória e colocam-nos perguntas incómodas: como foi tudo isto possível? como é que isto ainda é possível hoje, no século XXI, em 2010? Afinal todos sabemos que todo o mundo sabe o suficiente do que se passa no mundo. Nós os espectadores também. Não é de informação que necessitamos. O que nos falta, talvez, é a coragem para compreender o que sabemos e daí tirarmos as nossas próprias conclusões! •
A Noite de Ravensbruck conta-nos o dia-a-dia de três deportadas prisioneiras num campo de morte nazi, o seu concentracionário quotidiano, vigiadas, humilhadas e violentadas por uma guarda alemã.
Estamos na Primavera de1945 e a Alemanha está prestes a ser derrotada. O Exército Vermelho aproxima-se de Berlim. Em Ravensbruck, mesmo no coração do 3º Reich, num campo de concentração “específico” para mulheres, deambulam como fantasmas Betty, Odette e Sara, deportadas de outros países europeus, narrando-nos as condições inumanas em que sobrevivem naquele local de vergonha e morte. Os seus dias começam e terminam ainda e sempre noite cerrada, ao som de sirenes, marchas militares, impropérios e violência dos seus sequestradores. A morte está sempre presente e ronda permanentemente as suas vidas pela brutalidade dos seus vigilantes, seja pela fome, o frio e trabalhos forçados a que estão sujeitas ou pelos continuados fuzilamentos e incineração nos fornos crematórios.
Marchas militares, vozearia, gritos de comando, gritos de dor. Ladrar de cães, tanques em marcha, tropas marchando, lama, sirenes, tiros, comboios apitando, terminando a sua marcha de morte. Torres de vigia, arame farpado, portões fechados. Noite, interior de barracões dormitórios. Beliches de três pisos amontoados de mulheres esqueletos, farrapos humanos cobertos de uniformes às riscas, cor de cinzas.
Em Berlim, homens de negócios falam da vantagem da mão de obra gratuita dos campos de concentração e que tanto farão pela indústria alemã, É a economia…
Numa confeitaria, durante a guerra, a patroa e a cliente filosofam sobre a vida e a juventude alemã…
Uma mãe conta histórias a uma filha e é por esta questionada, contraditada,,,
Wagner e as suas músicas, as suas teses raciais - José Leitão