Triskaidekafobia (medo do número Treze)
Mais uma vez em Outubro, e desde há treze anos, que os caminhos de todos aqueles que gostam de Teatro têm como fim de percurso a cidade da Maia. O 13º Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia, uma iniciativa do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Maia, produzida pelo Teatro Art'Imagem, está perfeitamente consolidado junto da crítica séria e muito especialmente junto do Público, sendo, clara e inequivocamente, um dos melhores - e o maior no seu género - do País. Isso foi e é possível pelo respeito intransigente, ao longo dos anos, de um valor e de uma estratégia: qualidade e diversidade. A comicidade, sobretudo aquela que interessa, que recusa o apelo ao imediato, ao fácil e ao simplório, é - em qualquer manifestação humana - o género mais difícil e o sucesso do Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia, perante um Público sempre e cada vez mais exigente, só foi possível porque tem tido a presença em palco dos melhores actores, dos melhores grupos e das melhores companhias do mundo que a ele se dedicam. O FITCM é um festival incómodo. Incómodo porque através do riso e do sorriso, abala as consciências das pessoas e questiona as instituições. Incómodo porque se tornou uma excepção perante o falhanço e o desaparecimento de muitas iniciativas culturais que se desenvolviam no País. Incómodo porque tem Público, facto que espanta muita pseudo-intelectualidade e muitos decisores políticos. A Câmara Municipal da Maia, o Teatro Art'Imagem e as milhares e milhares de Pessoas que ao longo destes últimos treze anos consideram o FITCM o seu Festival gostam e muito prezam esse incómodo. Um incómodo que teima a resistir a todas as contrariedades, desde a malfadada crise económica ao mais profundo desprezo do Ministério da Cultura e da comunicação social dita de referência. Reconhecemos que esse desprezo é fundamentado. É fundamentado por várias razões, das quais destacamos as seguintes: não é um festival realizado em Lisboa, não é um festival associado a qualquer nomenclatura com origens partidárias e é um festival politicamente muito incorrecto, que comete a ousadia de ser frequentado por um Público vasto e persistente.
O Presidente da Câmara Municipal da Maia,
António Gonçalves Bragança Fernandes
O Vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Maia,
Mário Nuno Alves de Sousa Neves