Sob o manto diáfano da fantasia...
Mais uma vez, o Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia (FITCM), agora na sua décima quarta edição, propõe uma programação plural e de grande qualidade, como se pode verificar ao consultar o nome dos artistas, espectáculos e companhias que foram seleccionados para este ano
Treze (um número da sorte para o teatro!) são de Portugal (A Barraca; Leandro Morgado; Chapitô; Visões Úteis; Baal 17 / Al Masrah; Hugo Sousa / João Seabra / Miguel 7 Estacas; Teatrão; Marionetas, Actores & Objectos; Commedia a la Carte; Mau Artista; Delphim Miranda e o Teatro Art´Imagem) e nove estrangeiras, duas de Espanha (Ados Teatroa, do País Basco e Pablo Trasno, da Galiza) uma co-produção Itália / Chile (Tara-n-Tela), uma de Inglaterra (Nola Rae), duas da Bélgica (Joseph Collard e Elliot), uma da Alemanha (Pas par Tout), uma da Austrália (Joel Salom) e um grupo musical de Cabo Verde(Bilan) Note-se que a maior parte dos artistas e companhias convidadas para este ano, apresentam-se pela primeira vez na Maia e, as estrangeiras, em Portugal. Os vinte e quatro espectáculos (treze portugueses e onze estrangeiros) e as nove animações de rua propostos, abarcam multifacetadas visões e formas como o humor é hoje representado no teatro e artes performativas, em Portugal e no mundo. Assim, os muitos espectadores do FITCM, poderão assistir com prazer e curiosidade a uma miscelânea de géneros e disciplinas teatrais que constituirão um verdadeiro panorama do teatro cómico contemporâneo, onde a inteligência e o divertimento se entrelaçam harmoniosamente num humor libertador. Teremos então em palco, a comédia mais ou menos clássica, partindo dum texto, aliada ás novas tendências (“Dr. kula” do Chapitô; “El Jefe de todo esto” dos bascos Ados Teatroa; “Ptolomeu e a sua viagem de circum-navegação” do Teatro Art´Imagem; “Quem te improvisa teu amigo é, da Commédia a la Carte e “Gil e Vicente “ Uma viagem de barca ao Inferno” do Mau Artista e, “Vêm Aí os Cómicos”, pelo Pim Teatro). O café-teatro e o cabaret (“Caravan Cabaret” uma co-produção Baal 17 / Al-Masrah e Cabaré da Santa pelo Teatrão). Os grandes monólogos (“O Pranto de Maria Parda”, da Barraca com Maria do Céu Guerra; “Adúlteros Desorientados” das Visões Úteis e “A Fraude” de Leandro Morgado). Espectáculos a solo protagonizados pelos mestres de mimo e pantomima (“Êxit Napoleon “ Pursued by Rabbits”da grande Nola Rae; e “Zic-Zag” do belga Joseph Collard). Os cultores da nova “comedy”, onde se mistura o teatro, o circo, a música, o gesto, o visual e as novas tecnologias (“The Best of Elliot” do endiabrado belga Elliot; e “Gadgets” do surpreendente australiano Joel Salom que convida dois músicos e um cão-robot para a sua performance). Da “stand up” (“Stand da Comédia” do bem conhecido trio Hugo Sousa, João Seabra e Miguel 7 Estacas). Do novo circo (“Que Siga la Fiesta” e “Celebrando com Pippo” da dupla italo-chilena Tara-n-Tela). Das marionetas e fantoches (“Dança Comigo” do grupo Marionetas, Actores & Objectos e “Queres que te conte outra vez” do marionetista Delphim Miranda). Do novo musical / teatro (“Cock-Tales” e “Brother and sister Klops”, dos músicos e actores cómico alemães do Pas par Tout) e do teatro de rua (as animações diárias do Art´Imagem) e música cabo-verdiana (Bilan). Sinais do tempo e de uma outra forma de ver e fazer teatro são-nos também dados pela origem dos textos e enredos que são levados à cena, alguns deles ainda oriundos dos grandes autores ou novos escritores e dramaturgos (dois famosos textos do nosso Gil Vicente, outro do cineasta Lars Von Trier, do autor espanhol contemporâneo Juan José Milés, do clássico da literatura Bram Stocker, do autor e pintor cabo-verdiano Tchalé Figueira e da dupla de dois novos dramaturgos, o português Jorge Louraço Figueira e do brasileiro Reinaldo Maia), mas a maior parte escritos (mesmo quando não há texto) pelos próprios actores e intervenientes do espectáculo que querem dar testemunho do mundo em que vivem, aproximando-se artisticamente do real, para melhor o criticar e compreender. Vamos então, senhoras e senhores, meninos e meninas, começar! A vez ao teatro, o jogo dos homens, que “sob o manto diáfano da fantasia” celebra a vida!
José Leitão (Teatro Art´ Imagem)
Director Artístico do FITCM