“Acorda, acorda, há uma revolução”. É assim que José M. toma conhecimento do movimento militar desencadeado na madrugada do 25 de Abril. A sua resposta, ainda ensonada, parece insólita. “Deixa-me dormir, pá, não me chateies!”
Pelo palco e plateia passarão os dias da descoberta e da alegria de “o povo unido jamais será vencido”, do inesperado e inesquecível primeiro de Maio, a evocação de um tempo de deslumbramento e esperança em que “Nunca Portugal foi tão feliz”.
Tudo era então possível quando “o sonho comanda a vida” ainda que, depois da bela aurora e ao finar o dia primeiro, as lágrimas voltassem a aflorar os rostos desta “gente feliz” chorando os últimos mortos, nas horas amargas que Lisboa viveu junto à PIDE, quando se conquistava a nova cidade de mãos dadas com os jovens capitães, ao serviço do povo. A morte voltava a sair à rua, agora num dia sim, o dia da libertação.
Recordaremos a cidade do Porto nos primeiros dias de festa e luta com o povo na rua, ajudando a determinar o carácter revolucionário que tomou o levantamento militar, neutralizando as forças que ainda resistiam à mudança.