A VELHA DESORDEM MUNDIAL

A guerra!

Outra vez?

Mais uma vez?

Sim!

Os soldados americanos, após a libertação dos campos de concentração em 1944, obrigaram os citadinos alemães a desfilarem diante dos cadáveres. “O terrorismo do olhar” – chamou-lhe Bernard-Henri Lévy. Porque era preciso obrigá-los perante o horror a manter os olhos abertos, de modo a evitar o “readormecimento”.

Infelizmente a História diz-nos que o ser humano é feito de esquecimento.

Passados 45 anos apenas, nessa mesma Alemanha fustigada pelo horror e pela segregação, ergue-se o muro de Berlim  que a manteve dividida por 28 anos. Na década de 90 do século XX, entre 92 e 95, acontece a guerra nos Balcãs que provocaria cerca de 200 mil mortos e 2,5 milhões de refugiados. Ninguém quis ver, ninguém quis ouvir. Somente em Agosto de 1995 promoveu-se a intervenção no conflito por parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Hoje, na Síria, com a conivência de grandes potências, um regime autocrático com requintes de malvadez massacra o seu próprio povo. Mais uma vez ninguém quer ver, ninguém quer saber.

Até quando continuaremos a fugir ao horror, a refugiarmo-nos na nossa cegueira deliberada de quem sente não ter responsabilidade nenhuma no assunto? Provavelmente até que sejamos surpreendidos por ele.

Pessoalmente não acredito muito nessa ideia peregrina de uma nova ordem mundial. Desconfio bastante do advento de uma era de paz universal. Mas acredito que possamos estar mais próximos uns dos outros, sermos testemunhas sérias, usando todas as ferramentas de denúncia das atrocidades que pendem sobre as nossas cabeças e assim minimizar ao máximo qualquer tipo de sofrimento no planeta outrora azul.

Flávio Hamilton