A presente edição do Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia, a 25ª, realiza-se num dificílimo contexto planetário, em que a Humanidade está submetida a uma enorme prova de resistência. Resistência à doença física e resistência aos efeitos perniciosos da mesma ao nível da psique, quer em relação aos indivíduos quer em relação às comunidades. O humor, sempre importante em todas as circunstâncias, assume, no entanto, no cenário desta crise uma importância extraordinária, não só enquanto meio de descompressão individual e coletiva, mas também enquanto factor de “re humanização”. Se é verdade que a “falar nos entendemos”, igualmente verdadeira é a expressão que a “rir nos refazemos”. A Câmara Municipal da Maia e o Teatro Art’Imagem esforçaram-se para que o Festival possa ser vivido em todas as condições de segurança, no entanto cabe a cada um de nós, enquanto membros do público da iniciativa, zelar pela nossa proteção e pela dos outros, numa afirmação inequívoca de sentido cívico.
Esperamos que esta edição do FITCM se transforme em mais um testemunho claro que a “normalidade” pode ser encontrada em contextos sociais anormais. Não nos podemos esquecer que em todos os campos de concentração e em todos os guetos que a estupidez humana construiu, houve sempre gente que soube encontrar ânimo e espaço para que Arte acontecesse e que servisse de alívio, mesmo que circunstancial, para o sofrimento mais atroz. Em nome da Câmara Municipal da Maia, desejo a todos um excelente Festival
O Vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Maia, Mário Nuno Neves
UM FESTIVAL DE TEATRO PARA DESCONFINAR A NOSSA INTELIGÊNCIA E MELHOR RESPIRAR
O Teatro é uma das mais antigas artes que a humanidade inventou e de que se tem servido para confrontar a sua própria existência e melhor viver a vida, mesmo sabendo que a sua morte é inevitável. Esta arte imemorial, talvez a mais colectiva de todas porque não se concretiza no singular, tem acompanhado a nossa evolução, convivendo com desastres naturais, guerras, noites e dias, alegrias e tristezas, fomes e festas, contando as nossas histórias, umas vezes choradas outras rindo, na esperança de que a nossa vida se torne melhor para todos, por isso provoca, pergunta, reflecte, vocifera, incomoda e dá-nos sempre um espelho fosco, nem sempre perfeito, do que julgávamos ser ou parecer. No palco estamos como comunidade em julgamento, preferindo não nos vermos ou disfarçar. Gostamos, odiamos, aplaudimos, detestamos, dificilmente ficamos neutros, porque as personagens que deambulam pelo palco somos nós próprios ou nossos conhecidos, olhadas pela arte de representar.
O tempo que passa obriga-nos a estar presentes e a continuar em palco, porque o teatro que iremos mostrar fala--nos deste tempo e o Cómico da Maia não poderia falta à chamada, realizando-se nas condições que as circunstâncias impõem, as sanitárias e de segurança, para os espectadores e todos os que trabalham nestas artes de palco, assegurando que a programação garante o elevado nível artístico que o Festival conquistou ao longo dos anos. Porque a incerteza e o medo não nos podem privar de viver, dizemos presente, evocando e invocando o que de melhor pode dar e ser a humanidade.
Pela 25ª vez e numa iniciativa da Câmara Municipal da Maia em colaboração com o Teatro Art’Imagem, realiza-se de 2 a 11 de Outubro, a 25ª edição do Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia, decorrendo no Fórum da Maia e espaços circundantes.
Durante dez dias consecutivos, 29 companhias provenientes de várias partes do mundo e de Portugal apresentarão 3O espectáculos que celebram as diversas facetas com que o Teatro e outras artes olham o humor, o riso, a comédia e a sátira, utilizando diversas disciplinas e géneros, do teatro de texto às mais contemporâneas linguagens artísticas.
Lado a lado estarão companhias de renome nacional e internacional e jovens criadores que ousam experimentar, misturando os enredos, palavras e ecos dos eternos Homero, Shakespeare, Cervantes, Lazarillo de Tormes ou Dario Fo e novos dramaturgos.
O mimo e pantomima, gesto e a fisicalidade, a imagem e as novas tecnologias. A exuberância e a alegria dos clowns, os novos palhaços, os cultores de géneros de arte total, acrobatas, funambulistas, malabaristas e os que ao circo foram buscar matéria para as suas perfomances, corpos e vozes em diálogo em desafio com os nossos limites. As multicomédias de solos e pequenos elencos que enchem o palco de arte e mestria técnica, que representam, cantam e tocam os mais diversos instrumentos musicais e nos surpreendem pela sua imaginação.
É um pouco de tudo isto que as 19 companhias e artistas estrangeiros oriundas das várias autonomias de Espanha (Prod. Excentricas/Teatro Adro, Pedras de Carton, Rolabola, Palhaço Enano, Teatro do Guirigai, Traspediante, Imaginart/Kull D´Sac, Fabíolo Prod, Pepa Plana, Angel Fraga-ES/PT., La Troupe Malabó, La Macana e Edu Manaza), Itália/Brasil (Teatro C´art/Teatro del Respiro), Alemanha/PT (Marimbondo), Polónia (Pina Polar) e as 10 companhias portuguesas (Teatro das Beiras, Chapitô, Fértil, Nova Companhia, Eva Ribeiro, Boca de Cão, Mr. Milk, Fric à Frac, As Testemunhas Duo e a Cª Xpto...) nos vão apresentar nesta edição, esperando que esta diversidade possa congregar públicos de gostos variados e de muitas idades.
Que viva o Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia!
José Leitão, Director Artístico do FITCM