Pela vigésima sexta vez, a Câmara Municipal da Maia organiza o Festival Internacional de Teatro Cómico, cuja produção cabe à Companhia de Teatro Art'Imagem.
Esta edição, que contará com a participação de 25 companhias de teatro, oito portuguesas e as demais espanholas, mexicanas e alemãs, procurará fazer justiça à elevada e reconhecida qualidade das edições anteriores, e que neste período de início da lenta recuperação do abalo coletivo que provocou a pandemia, terá uma utilidade social redobrada, já que o humor é um dos mais importantes instrumentos ao serviço da humanidade e das condições mentais necessárias à resistência às adversidades.
Este Festival, o FITCM, é um exemplo de perseverança e de aposta na qualidade, e a sua afirmação no panorama cultural nacional e internacional é já indiscutível e encaixa na perfeição no conceito moldador da política cultural da Câmara Municipal da Maia, que sem descurar a necessidade do lúdico, aposta em iniciativas que levam ao incremento dos níveis de cidadania, pelo o que tratam, questionam e fazem refletir, com o objetivo de fomentar a boa inquietação cívica, essencial a dinâmica social saudável e ao desenvolvimento integral do território.
O Vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Maia
Mário Nuno Neves
TODO O TEATRO É O MUNDO EM PALCO
A 26ª edição do Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia (FITCM) vai realizar-se este ano de 1 a 10 de Outubro, com a presença de 25 companhias, 17 provenientes de vários países e 8 portuguesas, que apresentarão, durante dez dias consecutivos, espectáculos de teatro de diferentes estilos e disciplinas que pretendem ir ao encontro de um grande leque de espectadores, que terão a oportunidade e motivação, perante um cartaz de ampla qualidade artística, para fazerem as suas escolhas e estar presentes nos espaços interiores e exteriores do Fórum da Maia, bem no centro da cidade, onde decorre toda o programação desta festa anual do teatro cómico.
De Espanha e das suas diversas comunidades estarão presentes 14 companhias vindas da Galiza (Pedras de Cartón; Peter Punk Pallaso; Elefante Elegante; Prod.Teatrais Excêntricas e Culturactiva), Catalunha (La Industrial Treatera e Inda Pereda), País Basco (Malas Compañias Zirko Caldea e Oihulari Klown); Castela e Leão (Teatro Corsário), de Madrid (Fabiolo Productions, Yllana e Totonco Teatro) e Andaluzia (Malvaloca). A Alemanha conta com 2 companhias (Teatro Só, luso-alemã e Thorsten Grutjen, artista alemão radicado há anos em Portugal) e 1 vem do México (Aziz Gual).
Destas companhias estrangeiras são estreadas em Portugal 8 novos espectáculos. São 8 as companhias portuguesas presentes (Diana Sá; Victor Valente; Marionetas Rui Sousa; Companhia do Chapitô; Trigo Limpo/ Teatro Acert/; Companhia XPTO; Oli and Mary e Teatro dos Aloés).
Como sempre, a organização do Festival é da Câmara Municipal da Maia e a programação e produção do Teatro Art´Imagem, companhia profissional que este ano acaba de completar 40 anos de actividade e se encontra sediada no Município.
A programação diária começa às 21h00, no exterior, com uma peça curta de entrada livre e destinada a todos os públicos, seguindo-se às 21h30 no Grande Auditório o espectáculo principal da jornada. Nas sextas e sábados e no dia 4, véspera do feriado do 5 de Outubro, decorrerão espectáculos noutros espaços interiores do Fórum pelas 23h00. Aos sábados e domingos e este ano também no feriado, apresentarmos pelas 16h00 um programa especial para crianças e públicos familiares, com entrada livre, no exterior do Fórum.
Esta edição promete ser muito variada em termos de disciplinas e estéticas teatrais; apresentará múltiplos temas e tipos de humores de que o Teatro se serve para representar artisticamente a vida da humanidade, a sua efemeridade, contexto e circunstância. Teremos então em cena, como sempre o amor e o desamor, a solidão, o medo de viver, as alegrias e o sofrimento, o estado calamitoso em que vive climaticamente o planeta, o Covid19 e suas novas variantes e outras doenças, a guerra e seus horrores, quem foge dela e os que procuram melhores condições vida noutros países, um dia de sol e um bom encontro, os que são solidários e os que oprimem, da violência contra as mulheres, das vítimas do racismo, dos que riem e logo choram, a saudade, nós e os outros, a pobreza e o fanatismo, o retrocesso em tantas conquistas que pensávamos eternas, o despudor, a negação do estudo, saber e da ciência e o regresso das mezinhas e dos milagres, a morte do conhecimento e ignorância como divisa...
Então a arte e a cultura, aqui o Teatro e este FITCMaia convocam todos a estarem presentes para nos conhecermos como seres humanos, vendo e ouvindo histórias que outros homens no passado escreveram e os seus contemporâneos delas se apropriaram para passar o testemunho desta história maior que é a marcha da humanidade.
Teremos em palco textos e personagens criados a partir dos grandes clássicos da literatura universal como Cervantes e D. Quixote mais Sancho Pança; Shakespeare do Romeu e Julieta e da Lady Macbeth; dos Livros Sagrados das Religiões e profanos pecados dos seus seguidores; da paz e da guerra com Napoleão em seu cavalo branco ou como o poder gera novos monstros; o Jardim das Delícias de Bosch ou o Eden de Adão e Eva que se transformou no Inferno; pessoas desabrigadas e outros vivendo em lixeiras filosofando sobre o mundo; dos que vivem da rua como “La Violetera; o glamour de uma Diva, Sexo sim ou não, com ou sem orgasmo; o circo e o novo circo, os agora conhecidos por clowns, malabaristas, funambulistas e todos os istos, onde há palhaços pobres e ricos, de grandes sapatos e caras brancas e outros não, músicos e trapalhões e cada vez mais palhaças, vivam!; de Charlot e o cinema mudo, e há, cada vez mais, teatro sem palavras (levaram-nas o vento) onde os mimos se revelam sem necessidade de falar; a crise climática o desastre ecológico transformados em sátira hilariante em Greenpiss; uma terrível Celestina que vem das trevas à procura da juventude e dos prazeres perdidos, representadas por marionetas quase humanas, num espectáculo gótico à maneira de Poe ou procurando Drácula, para ser visto por adultos sem preconceitos ou reservas mentais e morais; um verdadeiro manual dos truques necessários para se tranformarem os perdedores de agora em futuros vencedores; dos senhores vitorinos desta vida de ilusões e sonhos; um cocktail de grandes chefes da culinária, marioneta de fios, luvas, o Dom Roberto, objectos gigantes; voltam à terra os terraplanistas, as punkedemias umas mais pessoais que outras; dos sorrisos e a perda de um grande amor, mais a solidão; trapézio com Prozak para aguentar a vida que temos pela frente, esperando por um carteiro que nos entregue a esperada carta da felicidade.
É tudo isso que vão encontrar este ano neste Festival Internacional de Teatro Cómico da Maia onde o Cómico é tratado como coisa séria à procura d´o riso (que nos) imune contra a barbárie.
Afinal Todo o Teatro é o Mundo em Palco e a vida uma espécie de "Comédia Humana"
Bom Humor.
Bom Festival!
José Leitão
Director Artístico